Tradicionalmente moderna. É a juventude e o sonho brasileiro


Publicado originalmente no Blog Axé com Dendê.
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A juventude brasileira mostra sua nova cara. Uma cara que reflete o pensamento dos jovens no mundo em que a Era Digital influencia comportamentos e atitudes na sociedade. Essa nova maneira de ver o mundo foi revelada pelo projeto Sonho Brasileiro, uma pesquisa feita em 2010 e divulgada ano passado pela Box1824, empresa de pesquisa comportamental. 

Sonho Brasileiro buscou conhecer o pensamento, os desejos e os sonhos dos jovens brasileiros. Com a contribuição do Datafolha, a pesquisa se dividiu em qualitativa e quantitativa.

Na fase qualitativa, foram entrevistados jovens de 18 a 24 anos, das classes A, B e C nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Já na quantitativa, o público continuou sendo os jovens de 18 a 24 anos, porém das classes A,B,C,D,E. Foram ouvidos 1784 jovens de 173 cidades, em 23 estados.  

De uma forma geral, os resultados revelaram que a “galera” que quer transformar o mundo é mais de somar ideias diferentes para isso do que escolher algo entre duas opções. Ela é mais “e” do que “ou”. Quer mais integração que segregação. Suas ideias e conceitos estão mais abertos, flexíveis e voltados para o diálogo. 

Misturar e trabalhar 

Seguramente, em função das mudanças recentes no país, o otimismo tomou conta dos jovens. 76% deles acreditam que o país está mudando para melhor. 89% se orgulham de ser brasileiro. Para 81% é possível mudar a sociedade quando pessoas que pensam diferente se juntam. 83% querem que partidos políticos de diferentes ideologias se unam por uma mesma causa. 68% querem a cultura local misturada à global.

A pressa também faz parte da realidade juvenil. O sonho tem que ser materializado logo. 55% dos jovens quer depressa formação profissional e emprego. Ao contrário dos pais, eles não querem apenas “ganhar dinheiro” ou status. Querem a profissão que sonharam ajudem na realização pessoal. 

O mundo está ao contrário e eles repararam 

Os jovens atuais não acham necessário destruir o que foi construído para surgir o novo. Valorizam o que outros (pais e pessoas) já fizeram para chegarem até aqui. 

A pesquisa transcreveu a fala de uma garota: “Esse ensinamento tem que encontrar a gente, o novo. Uma coisa move a outra. Eu até brinco pra me definir: sou tradicionalmente moderna.”

Eles não pensam em bater de frente para transformas as coisas. Entendem que as mudanças acontecerão  por articulações colaborativas, pacíficas e simbólicas do que em conflitos, choques ou violência. Para um dos entrevistados, a paz não é ficar passivo. Não precisa brigar, mas é correr atrás daquilo que lhe traz paz. 

Pensar global agindo local 

Com o fenômeno da globalização, a noção do espaço de ação também ganhou outra dimensão para a juventude brasileira. O mundo é o seu lugar e está muito pequeno, não podendo se pensar mais que somos apenas brasileiros. Devemos lutar por todos.

Talvez essa forma de pensar reflita o encurtamento da distância entre as pessoas através da web: “O que está ao seu alcance não é necessariamente o que está ao seu lado”. Isso também se reflete na cultura.

A juventude vê as manifestações globais como uma possibilidade de diálogo e troca de experiência, e não como algo que anula as particularidades locais.

Segundo os relatos dos jovens pesquisados, a internet quebrou barreiras físicas, possuiu grande capacidade de gerar movimentos espontâneos, a partir de pequenas ações de grande amplitude. A rapidez da dinâmica online produz o sentimento do “é pra já”, com eles optando por aproveitar as oportunidades imediatas do que esperar o futuro chegar.

Isso trouxe uma questão que a publicidade já trabalha para conquistar as pessoas: nesse mundarél de informações, para não ficarem atordoadas, as pessoas selecionam aquilo que mais lhes interessa.

Uma preocupação surge com outro dado revelado. Com as redes, os indivíduos ganharam poder de fala, saindo da censura dos grandes meios de comunicação (TV, rádio, jornal). Os jovens perderam confiança na representação política, pois podem suprir suas demandas de outras formas. 

Desejos e sonhos novos 

Outros dados mostram os principais desejos dessa galera. 13% querem o fim da corrupção; hoje, jovens têm mais oportunidades; 92% acreditam que soma de pequenas ações (suas) pode mudar a sociedade; É a geração que faz acontecer os sonhos; não fica esperando, vai atrás; 77% sonham cursar universidade; 79% acreditam que família é a base; 90% acreditam que transformações na sociedade acontecem aos poucos; 74% sentem obrigação de fazer algo pelo coletivo, diariamente; 76% acham que seu bem-estar depende do bem-estar da sociedade; 90% querem profissão que ajude à sociedade.

Agora, é entender as conexões dessas informações para entender melhor os nossos jovens. Entendeu?


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