Tarifa congelada em Salvador

Após mobilização de estudantes contra possível reajuste, prefeito garantiu preço do transporte coletivo até fim do ano.
Estudantes aproveitaram ontem uma mobilização nacional pelo ensino para protestar contra um possível aumento na tarifa de ônibus e solicitar ao prefeito João Henrique a concessão do passe-livre. Após a dispersão dos manifestantes, em entrevista coletiva à imprensa, o prefeito assegurou: “Não vai ter nenhum aumento de tarifa, pelo menos até o final do meu mandato, em dezembro de 2008”. Os manifestantes bloquearam as ruas do centro, causando um engarrafamento de mais de 3km.

O congelamento do valor da tarifa em R$2 está previsto no Decreto de Reajustes nº 17.127/19.01.2007, assinado com o consentimento das empresas e do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador (Setps). João Henrique afirmou que, desde que assumiu o cargo em 2004, só houve dois reajustes tarifários. A manifestação antecipada dos estudantes foi baseada em “boatos” de um possível reajuste, como afirmou o presidente da União da Juventude Socialista (UJS), Juremar de Oliveira. Mas, na dúvida da veracidade, eles preferiram dar logo o recado ao prefeito, emendou.

O sucesso no congelamento de preço, segundo o prefeito, se deu pela redução de impostos, diminuição no valor do combustível, eliminação das fraudes, fiscalização da gratuidade e as tarifas diferenciadas. “O estudante paga 25% do valor da tarifa”, informou. Quanto ao passe-livre, João Henrique garantiu ser impossível implantar uma política do tipo. “Essa medida agride o princípio constitucional da isonomia, devido às restrições, porque seria apenas para alunos de escola pública, fardado, de segunda a sexta”, explicou.

Educação deficiente - Enquanto os manifestantes baianos se concentravam no aumento tarifário do transporte coletivo, nos estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, a educação era o foco principal da Jornada de Luta. De acordo com a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, o objetivo é buscar melhorias para os ensinos fundamental e médio, o que possibilitaria o ingresso do aluno de escola pública nas universidades. Eles solicitam a expansão da universidade pública e maior assistência aos universitários.

Segundo Stumpf, dos estudantes que se matriculam nas universidades federais, 60% deles abandonam a instituição ao longo do curso. Por isso, solicitam a expansão do ensino superior com mais investimentos para disponibilizar moradia, auxílio-transporte e restaurante universitário para os alunos. “Pedimos R$200 milhões para o Ministério da Educação para implantar essas políticas em todo o país”.

O diretor da Associação Baiana dos Estudantes Secundaristas (Abes), Farli Santos, conta que, este ano, 420 mil jovens não puderam se matricular nas escolas estaduais baianas por falta de vagas. “Trinta escolas foram fechadas, dessas 15 só em Salvador”, denuncia. O déficit de professores também é um problema constante para os estudantes, o que segundo ele, chega a 3.800 profissionais.

Além da educação básica e eleição direta para o diretor dos colégios estaduais, o presidente da UJS, Juremar de Oliveira, explica que a categoria exige assistência estudantil de qualidade nas universidades públicas. “Queremos que 12% do orçamento das estaduais seja utilizado com assistência”, afirma. Ele acrescentou ainda que o presidente Lula encaminhou ao Congresso Federal, há dois anos, um projeto que prevê que 14% do orçamento seja destinado à assistência estudantil.

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