Homofobia e Sociedade

A sociedade brasileira é fortemente homofóbica e para constatarmos tal fato basta vermos estatísticas recentes. Uma pesquisa realizada com cinco mil professores do ensino fundamental e médio revelou que 59,7% deles acham inadmissível que uma pessoa possa vir a ter experiências homossexuais e que 21% deles disseram que não gostariam de ter um gay ou uma lésbica como vizinhos. Quantos aos alunos, 25% responderam que não gostariam de ter um colega de classe homossexual ou bissexual.

A violência é institucional. Não existem leis federais que criminalizem a homofobia, permitindo que atos contra Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, continuem ocorrendo, norteados por uma cultura intolerante de uns, e pelos fundamentalismos de outros.

O fato é que por mais que falemos de declaração universal de direitos humanos, princípios de Yogyagarta, tratados e protocolos internacionais a violência contra a margem têm sido política estrutural e consciente do sistema que governa nosso planeta. Os mesmos princípios que criam trabalhadores escravos, mulheres vítimas de violência doméstica, racismo explicito, trabalho infantil e fome no mundo também são responsáveis por algo além do analfabeto político.

É preciso entender, de uma vez por todas que a discriminação e a violência não são erros ou atos impensados, são eixos estruturantes de um projeto social, que consegue conceber direitos, mas para poucos. Os poucos que vivem no centro, que não são atingidos pela miséria, pelas crises e pela violência. Alexandre não vive no "centro". As travestis assassinadas tampouco.

Assim como milhares de mulheres, operários, negros, estudantes e deficientes físicos. Nossas relações são marcadas pela opressão, de classe social, gênero, raça e orientação sexual. Enquanto não entendermos isso não haverá avanço, apenas retrocesso. O governo brasileiro deu um primeiro passo nesse sentido, criando o Programa Brasil Sem Homofobia, que tem servido de modelo para diversos outros programas estaduais e municipais que vão no mesmo sentido.

Infelizmente, para acabar com a homofobia será necessário mais que a criação de Centros de Referência. É preciso coragem para ver que a estrada não termina aí e vai muito além do se que vê; que o problema não está na madeira da porta, mas no alicerce da casa.

Desconstruimos esse modelo de sociedade, tensionando cada vez mais a luta de classes, ou seremos apenas um hiato, que não poderá fazer nada além do que uma carta de boas intenções. É preciso, urgente, definir quem cabe no nosso "todos", como diz nosso colega Beto de Jesus. O TODO NÃO PODE SER POUCOS!



FONTE: http://nossacarasp.blogspot.com/2008/02/aps-atos-violentos-o-movimento-glbtt-da.html

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